Quem passa hoje pelo centro de Goiânia pouco sabe da história do Grande Hotel, que completou 85 anos em janeiro, e dificilmente imagina que ele já foi responsável por instalar importantes hóspedes que visitavam a cidade naquela época. Além disso, também já recebeu bailes ilustres e foi local para grandes reuniões de negócios.
O imóvel começou a ser erguido em 1935, inicialmente pela Companhia P. Antunes Ribeiro, mas a partir de dezembro de 1934, assume a empresa Coimbra Bueno e Pena Chaves Ltda. A construção só foi entregue em 23 de janeiro de 1937, data da sua inauguração. O Grande Hotel Goiânia foi um dos três primeiros prédios da cidade.
O hotel é símbolo do movimento arquitetônico Art Déco, que combinou estilos modernistas com habilidade fina e materiais ricos. Durante o seu auge, na época em que foi construído, o Grande Hotel representou luxo, glamour, exuberância e fé no progresso social e tecnológico.
Foram publicados dois editais para concorrência pública e arrendamento do Grande Hotel, já mobiliado e equipado. O contrato foi assinado por Maria Nazaré Jubé Jardim em 17 de fevereiro de 1937, pelo prazo de três anos. Também constava no contrato que o letreiro luminoso a gás néon da fachada deveria ser iluminado todas as noites.
Com 60 quartos, sendo quatro de luxo, distribuídos em três pavimentos, o local recebeu nomes famosos como o antropólogo Claude Lévi-Strauss. Da construção original resta a estrutura da fachada, tendo o interior sido descaracterizado ao longo dos anos.
As instalações passaram por reforma em 2004, quando o Grande Hotel sediou o evento Casa Cor. Em 1991, o edifício foi tombado pelo Município como Patrimônio Histórico de Goiás sendo um dos 20 bens que formam o patrimônio do estilo arquitetônico Art Déco em Goiânia. Em 1998 foi tombado pelo Estado e em 2003 foi tombado pelo Iphan no Conjunto Arquitetônico Art Déco e Urbanístico de Goiânia.
A escritura de doação do imóvel foi lavrada no 1º Tabelionato de Notas de Goiânia, localizado no bairro Jardim América na Capital, no dia 23 de março de 1988 e consta no livro 46. O documento foi assinado pelo tabelião João Teixeira Neto, ainda titular deste cartório. Veja as imagens da escritura em anexo abaixo.
Espaço de boemia
O hotel se tornou um grande polo cultural de Goiânia, reunindo ali muitos visitantes que chegavam na cidade, seja a passeio ou a negócios. O hotel proporcionava o ambiente ideal para que os artistas se encontrassem com um público desprovido de locais formais para assistirem apresentações musicais.
Era, inclusive, a arrendatária Maria Nazaré quem tocava piano todas as noites para animar as reuniões da sociedade goianiense, que aconteciam nos salões do Grande Hotel. Estes eventos sociais, sempre seguidos de música, ocorriam com frequência, especialmente aos sábados.
O “Palácio Monumental”, como também era conhecido o Grande Hotel, foi palco dos primeiros bailes de carnaval da capital, onde se apresentavam a banda da 1ª Cia. da Polícia Militar, o Jazz Band Imperial e outros grupos.
Com o passar dos anos, o primeiro hotel de Goiânia se tornou ponto de encontro de diversas tribos urbanas, curtindo um samba ao vivo. No entanto, as rodas de chorinho deram lugar ao silêncio. O imóvel está vazio, abandonado, sem vida. Na época de glória ficou apenas na memória dos que ali frequentavam.
Fonte: Assessoria de Comunicação do CNB/GO