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No mês das mulheres, o CNB/GO entrevistou a titular do Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas de Hidrolândia, Adriana Celiac de Melo, sobre as dificuldades e conquistas da mulher nos cartórios

Assim como em todas as esferas, nos cartórios notariais e de registro, as mulheres vêm brilhando dia após dia. Com muita força para enfrentar os preconceitos de gênero, as tabeliãs desempenham papéis fundamentais ao prestarem serviços de qualidade, essenciais para a população.

A titular do Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas, localizado em Hidrolândia, Adriana Celiac de Melo é uma dessas “super mulheres”, como ela define, que passaram por momentos difíceis na profissão, mas encontraram os melhores caminhos para brilhar à frente do cartório.

Desde 1992 atuando em cartório, primeiro como oficial substituta e, dois anos depois, como titular, Adriana conta que precisou passar por situações constrangedoras, uma vez que na época a presença feminina nos cartórios não era regular como atualmente.

“A mulher antes era vista como dona de casa, mãe de família. Assuntos relacionados com o cartório eram assuntos de homem. Até outras mulheres questionavam o trabalho realizado por mim”, relembra a tabeliã sobre seus primeiros anos no cartório.

Adriana relata que tinha seu trabalho e capacidade constantemente colocados à prova por ser mulher. Porém, pouco a pouco, foi conquistando a confiança dos clientes e colegas de trabalho.

“Muitos duvidaram que eu seria capaz de exercer a função, que seria melhor eu continuar como uma servidora pública, pois teria mais tempo para cuidar da casa e dos filhos. Até entre os colegas de profissão existia uma certa resistência. Hoje a mulher está conquistando seu espaço e mostrando que é capaz de ser uma grande profissional e cuidar de sua família”, completa.

Apesar das dificuldades que encontrou no caminho, hoje a tabeliã se diz realizada e ama trabalhar no cartório. Celiac ainda reforça que incentiva as suas colaboradoras a buscarem qualificação e melhoria de suas habilidades.

Adriana Celiac de Melo é titular do Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas

Leia a entrevista na íntegra:

CNB/GO – Por que escolheu seguir a carreira como tabeliã?

Adriana Celiac de Melo – Não escolhi. Foi por acaso que fui exerce a função de oficial registradora. Eu prestava serviço como assistente social na Comarca e era servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás e o Cartório de Registro Civil ficou vago, sem ninguém para responder por ele. Assim, em 1992 o juiz diretor do Fórum me nomeou oficial substituta.

CNB/GO – Como foi a trajetória entre estudos, concurso, até a posse?

Adriana Celiac de Melo – Na época que ingressei no cartório pouco se falava em concurso para a função. Quando surgiu a oportunidade para o concurso, o estudo se limitava na Lei de Registro Públicos e não precisava ser bacharel em Direito, somente ter nível superior. E como era cartório de Registro Civil do interior, ninguém tinha interesse em assumir tal cargo, como eu era moradora nova na cidade, com filhos pequenos para cuidar, optei pelo cargo, no qual me apaixonei e estou até hoje.    

CNB/GO – Há quanto tempo é tabeliã?

Adriana Celiac de Melo – Iniciei na atividade em 1992 como oficial substituta e em 1994 fui empossada pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, com oficial do Registro Civil da Comarca de Hidrolândia-GO, portanto são trinta anos de trabalho.

CNB/GO – Durante esse período enfrentou dificuldades relacionados do gênero?

Adriana Celiac de Melo – Sim. Assumi o lugar de senhores importantes da cidade, tive que mostrar a minha capacidade como mulher, enfrentando os desafios do dia a dia e conquistando a confiança dos clientes.

CNB/GO – Acredita que existe um peso maior por ser uma mulher ocupando o cargo?

Adriana Celiac de Melo – Existiu muito, hoje percebo que a mulher é aceita de maneira melhor, porém, sempre é cobrada para exercer qualquer atividade com muito esmero, precisa ser uma super mulher.

CNB/GO – Já foi vítima de preconceito por ser mulher?

Adriana Celiac de Melo – Sim, a mulher antes era vista como dona de casa, mãe de família. Assuntos relacionados com o cartório eram assuntos de homem. Até outras mulheres questionavam o trabalho realizado por mim.

CNB/GO – Chegaram a duvidar da sua capacidade em seu trabalho como tabeliã?

Adriana Celiac de Melo – Chegaram sim. Muitos duvidaram que eu seria capaz de exercer a função, que seria melhor eu continuar como uma servidora pública, pois teria mais tempo para cuidar da casa e dos filhos. Até entre os colegas de profissão existia uma certa resistência. Hoje a mulher está conquistando seu espaço e mostrando que é capaz de ser uma grande profissional e cuidar de sua família.

CNB/GO – Se sim, como lidou com a situação?

Adriana Celiac de Melo – Mostrando o meu lugar. Eu escolhi o cartório para trabalhar e dentro dele faço o melhor que posso, sem medo de enfrentar as dificuldades impostas.

CNB/GO – Já presenciou outras mulheres no setor sofrendo preconceito de gênero?

Adriana Celiac de Melo – Já, em conversas paralelas, muitas vezes falam, “se fosse um homem não seria tão exigente, resolveria o problema agora. O tal da mulher é difícil.” E assim por diante, são várias ofensas com relação ao trabalho da mulher.     

CNB/GO – De que forma você incentiva as mulheres que atuam no seu cartório?

Adriana Celiac de Melo – Incentivo as minhas colaboradoras a nunca desistirem de seus ideais, a melhorar suas habilidades e a realizar as tarefas com presteza. Que sejam corajosas, obstáculos encontramos sempre no nosso dia-a-dia. Procuro mostrar a felicidade que é a vida, e nós é que construímos o nosso mundo. Sejamos felizes.

Fonte: Assessoria de Comunicação do CNB/GO

“A Mulher Antes Era Vista Como Dona De Casa, Mãe De Família. Assuntos Relacionados Com O Cartório Eram Assuntos De Homem”, Relata Tabeliã
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