Celebrando e dando visibilidade às mulheres à frente de cartórios, o CNB/GO entrevistou a titular do Cartório Costa Teixeira, de Terezópolis de Goiás, Márcia Maria da Silva Costa Teixeira
Inspirada na mãe, que foi registradora por mais de 40 anos, Márcia Maria da Silva Costa Teixeira, titular do Cartório Costa Teixeira, de Terezópolis de Goiás, precisou lidar com adversidades no ofício por ser mulher.
“A atividade notarial e registral é um desafio, principalmente para a mulher que ainda tem que desempenhar a função de esposa, dona de casa e mãe”, relata.
Desde criança, Márcia frequentava o cartório onde sua mãe Maria Nunes Costa era registradora, em Bonfinópolis, e aos 10 anos já passou a ajudá-la como datilógrafa. Mas somente em 1991 a tabeliã assumiu o Cartório do Registro Civil de Pessoas Naturais da cidade onde cresceu após prestar o concurso e seguiu até 2008. Naquele ano, a oficiala prestou um novo concurso, desta vez para remoção, onde escolheu atuar em Terezópolis de Goiás.
Márcia explica que não enxerga os desafios que enfrentou como preconceito, mas sim uma insegurança dos usuários. Porém ela acredita que esses obstáculos que surgiram em seus 30 anos de ofício serviram como estímulo para ela melhorar na profissão.
“A falta de credibilidade da uma mulher à frente de uma atividade tão complexa como os atos notariais e registrais ainda existe, mas com o passar dos anos vamos nos consolidando nestas atividades, sempre mostrando aos usuários nossa capacidade de lidar com questões complexas, trabalhando de forma eficiente e também da nossa sensibilidade de lidar com os usuários, em certas situações fazemos até o papel de “psicólogos”, o que para nós é muito gratificante”, afirma Márcia.
A tabeliã ainda é responsável por incentivar as colaboradoras a sempre se atualizarem na área fazendo cursos e recomendando leituras. “As mudanças estão acontecendo de forma muito rápida, muitas vezes não estamos conseguindo acompanhar como deveríamos, mas apesar de tudo, vale muito a pena”, completa.

Leia a entrevista na íntegra:
CNB/GO – Por que escolheu seguir carreira como tabeliã?
Márcia Costa Teixeira – Minha mãe foi tabeliã/registradora por mais de 40 anos na cidade de Bonfinópolis – GO, então nasci e cresci dentro de um cartório, quando completei 10 anos de idade já comecei a ajudá-la como datilógrafa e desde então me encantei pela profissão.
CNB/GO – Como foi a trajetória entre estudos até a posse?
Márcia Costa Teixeira – Fiz o concurso para o Cartório do Registro Civil em 1991 período onde o cartório que minha mãe era titular foi desvinculado das outras serventias da cidade. Até 2008 exerci a função de oficial do registro civil, ano em que foi aberta a seleção de concurso público de provas e títulos e remoção do Tribunal de Justiça de Goiás. Fiz a inscrição para o Concurso de Remoção do qual fui aprovada, fiz a opção pela cidade de Terezópolis de Goiás, onde exerço o cargo até hoje. Este concurso foi muito complicado, pois teve vários recursos, suspensão e só foi concluído em 2014, foi muito desgastante.
CNB/GO – Há quanto tempo é tabeliã?
Márcia Costa Teixeira – Fui oficiala do Cartório do Registro Civil de Pessoas Naturais do ano de 1991 até 2008 na cidade de Bonfinópolis e hoje sou tabeliã/oficiala da cidade de Terezópolis de Goiás desde o ano de 2014, totalizando 30 anos de atividades notariais e registrais.
CNB/GO – Durante esse período enfrentou dificuldades relacionada ao gênero?
Márcia Costa Teixeira – Sim. A falta de credibilidade da uma mulher à frente de uma atividade tão complexa como os atos notariais e registrais ainda existe, mas com o passar dos anos vamos nos consolidando nestas atividades, sempre mostrando aos usuários nossa capacidade de lidar com questões complexas, trabalhando de forma eficiente e também da nossa sensibilidade de lidar com os usuários, em certas situações fazemos até o papel de “psicólogos”, o que para nós é muito gratificante.
CNB/GO – Acredita que existe um peso maior por ser uma mulher ocupando o cargo?
Márcia Costa Teixeira – Sim, mas como já pontuei, com o tempo vamos nos firmando nesta atividade com muita competência e sensibilidade.
CNB/GO – Já foi vítima de preconceito por ser mulher?
Márcia Costa Teixeira – Não considero como preconceito, mas talvez com certa insegurança do usuário, mas a cada dia vamos superando estes desafios, com conhecimentos e capacitações que vamos adquirindo no dia a dia, através de cursos oferecidos pelas nossas associações, troca de informações com nossos colegas da área, lendo livros que nos auxiliam nas atividades e em leis e provimentos que hoje são fundamentais para nosso conhecimento nas atividades notariais e registrais.
CNB/GO – Chegaram a duvidar da sua capacidade em seu trabalho como tabeliã?
Márcia Costa Teixeira – Poucas vezes, mas não vejo isso como algo ruim, as vezes até nos estimula a estar sempre dispostos a melhorar não só como ser humano, como também em exercer nossa atividade de forma eficiente e também de estar sempre dispostos a não estagnar em nossos conhecimentos.
CNB/GO – De que forma você incentiva as mulheres que atuam no seu cartório?
Márcia Costa Teixeira – Procuro sempre incentivar minhas colaboradoras a ingressarem neste ramo, se atualizando, lendo bons livros, fazendo cursos de formação na área. A atividade notarial e registral é um desafio, principalmente para a mulher que ainda tem que desempenhar a função de esposa, dona de casa e mãe. E diante das mudanças que estamos vivendo atualmente – o que é normal diante da globalização -, as mudanças estão acontecendo de forma muito rápida, muitas vezes não estamos conseguindo acompanhar como deveríamos, mas apesar de tudo, vale muito a pena. Sou muito grata a Deus e a minha saudosa mãe Maria Nunes Costa que me ensinou muito do que sei hoje e por seus 40 anos de dedicação ao serviço notarial e registral da minha cidade natal de Bonfinópolis.
Fonte: Assessoria de Comunicação do CNB/GO.
